Já compartilhou uma Fake News hoje?
A bipolarização partidária sempre fez parte das eleições e discussões políticas. Antes amarelo versus vermelho, agora observamos uma divisão tripolarizada – bolsonaristas versus vermelhos versus todas as outras cores.
Nesta paleta multicolorida encontram-se manchas de vermelho, tons bem acentuados de amarelo e os bicolores, autodenominados de “centrão”, nem lá, nem cá. Até 2010, quando a internet ainda não era determinante na corrida eleitoral, nos limitávamos a receber conteúdo e refletir sobre politica dentro da nossa casa, no modelo de comunicação emissor – receptor.
Hoje, em 2018, a discussão política multicolorida, os posicionamentos, as ideias e pensamentos não encontram muros e concentravam-se do emissor – receptor – emissor – receptor, um ciclo em constante rotação, com a população pautando a grande mídia com o conteúdo que publica nas mídias sociais, caindo por terra o tradicional formato de agenda setting, quando os grandes veículos de comunicação detinham o poder de decidir o que era ou não importante para a grande massa consumir.
Em tempos de cólera exacerbada nas mídias sociais, a campanha eleitoral de 2018 vem se apresentando como um terreno fértil para exposição de ideias contraditórias, intolerantes, impositivas e, claro, das famosas Fake News, que jogam na rede a cada segundo conteúdo duvidoso, calunioso e com a clara intenção de confundir, desinformar e formar opinião conveniente a quem interessa.
A comunicação, conhecida como 4º poder, nunca antes demonstrou o seu poderio com tanta intensidade como agora, onde todos nós, portadores de smartphones, somos produtores de conteúdos e notícias – o 4º poder está em nossas mãos, não mais apenas no controle da grande mídia.
A falta de filtro próprio e o discurso tendencioso de qualquer uma das partes da tripolarização acabam por fazer um desserviço ao disseminar conteúdo produzido exclusivamente para deturpar a realidade, impactando consumidores de conteúdo que, por vezes, não conseguem discernir o que é o fato do que é Fake.
Como jornalista e observador das pessoas, avalio que uma audiência qualificada (pessoas com formação acadêmica e boa formação profissional) cai na cilada das notícias falsas sem hesitar, sem questionar, sem verificar, apenas compartilhando e reproduzindo inverdades, seguindo a tendência do meio em que vivem (trabalho, igreja, universidade, núcleo familiar e social).
Em uma democracia, a liberdade de expressão é um patrimônio muito valioso, mas é preciso responsabilidade conosco e com o próximo sobre que tipo de conteúdo multiplicar nas mídias sociais. É necessário, além de estudo e inteligência intelectual, inteligência emocional e humanidade para colocar-se no lugar do outro para refletir: Essa notícia precisa mesmo ser compartilhada? Eu gostaria de ler isso?
É verdade o que diz essa notícia? Que impacto este fato refletirá na sociedade se não for verdade? Devo compartilhar este conteúdo só para apoiar o meu candidato, mesmo sabendo que não é verdade? Eu gostaria que me impusessem uma “verdade conveniente”, como estou impondo aos outros?
Por isso, não custa sempre verificar em grandes portais de notícias, a veracidade dos conteúdos antes de propagar uma Fake News, independentemente do seu posicionamento político. Agora, mesmo sabendo que o conteúdo é falso e você compartilha só para atender a sua intenção ideológica, espero que o seu travesseiro seja bem confortável para sustentar a sua consciência.
Thiago Brandão, jornalista (MTB/SP 42.456) e diretor da Ingrediente Comunicação.