Os pronunciamentos, lives e coletivas de imprensa em tempos de pandemia
Em tempos de pandemia e grave crise sanitária, algo nunca vivido pela atual geração, o acesso à informação, sejam elas verdadeiras ou falsas, também nunca foi tão democrático como atualmente, onde todos podem ser produtores e distribuidores de conteúdo jornalístico, técnico, de entretenimento ou científico.
É ponto pacífico que a principal fonte de informação deve ser, sempre, a imprensa. Salva as inclinações políticas de um veículo ou outro, já que sabemos que não existe imparcialidade na mídia, é recomendado que busquemos informações e notícias, principalmente sobre a Covid-19, em dois ou três canais de imprensa diferentes, para confrontarmos ideias e avaliarmos o conteúdo com um olhar crítico.
Não vou entrar na seara das Fake News (clique aqui para ver um artigo sobre como identificar as Fake News), mas é preciso ter um olhar cuidadoso sobre tudo que recebemos diariamente pelas redes sociais. Infelizmente, nem todos possuem um olhar mais crítico sobre o conteúdo que recebe, replicando as informações sem nenhuma apuração. Mas, como orientação nunca é demais, não compartilhe conteúdo duvidoso ou sensacionalista.
Voltando ao papel da mídia, temos assistido pelos canais de TV e internet coletivas quase que diárias promovidas pelos governos municipal, estadual e federal. Acredito que, devido ao contexto de estarmos mais em casa, com livre acesso à internet e mais atentos às notícias relacionadas ao novo coronavírus, também nunca vimos tantos pronunciamentos e entrevistas de autoridades, sejam por meio de uma estrutura de coletiva mesmo, com presença de jornalistas, sejam por “lives” pela internet respondendo aos questionamentos online.
O que desejo trazer para a discussão é a importância das coletivas de imprensa, que é o momento “provocado” pelas assessorias de imprensa junto aos jornalistas, com o objetivo de divulgar um fato importante e relevante para a comunidade.
As esferas governamentais têm adotado formatos diferentes. O governo do estado de São Paulo tem promovido, diariamente, as coletivas com os porta-vozes em pé, cada um em um púlpito e respeitando o distanciamento social. Primeiro, as autoridades passam a informação com fundamentação dos dados e depois, abrem para os questionamentos.
O governo federal ora promove coletivas com os porta-vozes sentados, passando, num primeiro momento, as informações e respondendo as questões dos jornalistas em seguida, ora por meio de pronunciamento, sem perguntas e, ora por lives na internet. O presidente tem se manifestado, todos os dias, na saída do Alvorada, de forma improvisada e espontânea junto aos microfones da imprensa, o que tem rendido declarações infelizes e estapafúrdias que pautam os noticiários ao longo do dia.
Já os governos municipais têm adotado os mais diversos formatos. Falando da prefeitura de Bauru, onde resido, o prefeito tem organizado quase que diariamente lives com o boletim epidemiológico do novo coronavírus e, pelo menos 1 vez por semana, organiza coletiva com a presença de outras autoridades municipais, como secretário de saúde e desenvolvimento econômico, áreas totalmente impactas nesta quarentena.
Você percebe, então, a importância da “fala” da autoridade nestes tempos de pandemia? Entende, também, o quão influente pode ser uma declaração do presidente, governador ou prefeito? Fora isso, consegue identificar que, por trás de toda a exposição dos porta-vozes, existe um trabalho profissional e sistemático dos assessores de imprensa em promover esta ponte entre imprensa e governo?
Às vezes, fugindo um pouco do controle das assessorias de imprensa, assim espero, a coletiva vira um palanque eleitoral ou, um momento de ataque aos adversários políticos e à própria imprensa e, às vezes, cumpre o seu papel primordial de informar. E é neste momento que temos de prestar atenção, às informações que realmente impactam na nossa vida.
Por isso, convido você a assistir às coletivas de imprensa, lives e pronunciamentos com um lente crítica no sentido de compreender que há muita apuração e cuidado nas informações que são transmitidas à população, ao contrário das máquinas de compartilhamentos de Fake News das redes sociais.
Thiago Brandão – Jornalista e diretor da Ingrediente Comunicação